Sou dessas...

Sou dessas que acha que não basta estar viva, tem que viver de verdade. Se apaixonar, dar risada, chorar… Intensa, visceral. Como diz a Piru, a vida é uma só…

Sou dessas que toma energético puro durante o dia pra ter pique pra tudo porque dar conta de um exército de filhas não é pra qualquer um. Ou então dorme uma hora durante a tarde para aguentar a noite toda. (Amo fazer festa em casa).

Essa é a porta da minha casa

Quando a Dani, uma amiga que mora em Bogotá há dois anos, me falou sobre esse restaurante, El Cielo, fui logo googlar. Sou dessas que pesquisa sobre tudo que me parece interessante, que gosta de entender as coisas a fundo. Como, onde, por que, qualé qualé.  

Todos os links destacavam que uma refeição ali é uma experiência sensorial… Que o menu degustação desperta emoções… Opa! Taí meu lugar ao sol!

Tentei reservar para o dia dos namorados daqui, São Valentim, 14 de fevereiro. Não rolou, tava lotado. Queria ir com o marido, mas… Sou dessas que quando cisma com uma coisa não consegue esperar. Quero pra ontem…

Alguém aqui?

Assim, só pra saber...

O El Cielo fica na Zona G (de gourmet), uma área gastronômica delícia aqui da cidade. Como sou dessas pontuais, cheguei antes da Lê, minha amiga. Perguntei pelos coquetéis e pedi uma marguerita de rosas.

Com um pouco de tequila na cabeça, quis andar pelo restaurante para conhecê-lo melhor… Respirei, banquei a fina e perguntei onde era o banheiro. Por sorte, ficava no piso superior. Subi bem faceira, fotografando tudo discretamente.

Esse painel incrível fica bem em frente ao banheiro

Sou dessas nostálgicas… Lembrei da época de repórter, em que me passava por outra pessoa para descobrir furos. (Sabe aquele chefe que você respeita? Lana, 😍😍😍). Às vezes dava certo, outras nem tanto. Fui fotografar escondida uma casa mal assombrada e acabei atacada por um bando de cachorro vira lata, fui mordida, treta… Mas sou dessas que antes de nascer assinalou o quadradinho com emoção.

Finalmente a Letícia chegou. De cara ganhamos uns salgadinhos tipo bolinha de queijo tamanho família “de boas vindas”. E fomos advertidas: “Tem que colocar inteiro na boca porque tem líquido no meio”. De fato… Minha companheira quis se rebelar e mordeu, molhou a mesa toda… Pedi que ela registrasse como se faz, eu com a bolotona toda. Mas as fotos ficaram horrendas, impublicáveis. Sou dessas que não se expõem (só que sim).

De queijo com milho, deliciosa

Recebemos o menu com duas opções: nove ou doze momentos. E ainda dava para incluir harmonização com quatro ou seis tipos de vinho, mas pro almoço soou meio over. (Rolou um quase arrependimento porque a gente babava no casal da mesa ao lado cada vez que chegavam com uma garrafa...

Escolhemos o de doze porque já que aqui estamos...

Começa aí um ritual. O garçon nos diz que comeremos algumas coisas com as mãos e que, para isso, devemos esfoliá-las e lavá-las com uma pedra de manteiga de cacau com biscoito triturado e açúcar mascavo. Depois, sal rosado do Himalaia.

O primeiro prato era uma sopa morna. “Quero que vocês adivinhem os ingredientes”, instigou o garçon. Eu nem tentei porque não manjo nada de cozinha. A Lê mandou dois, cheia de certeza (esqueci quais), mas passou longe. Era pegadinha, a sopa era de tomate, esses pequenininhos aí da foto (com alecrim). Sopa de tomate branca? Ta me tirando, né? Foi um dos únicos pratos que não curti muito. Minha amiga definiu bem: parece um chazinho, né?

Pão acebolado, de batata e brioche apimentado. Chutney de milho, molho de pimentão e manteiga tostada com açúcar

Aí chegou uma coisa dos deuses: camarão com molho vegetal e pure de batata. Boooooom. O risco preto é feito com tinta de lula. 

A essa altura pedi outra marguerita de rosas. Porque sou dessas que quando gosta, repete. Ficou com vontade? Sabia… Pedi a receita pra você!

Não vou descrever todos os pratos porque perderia a graça caso você resolva ter essa experiêêêêência seeeensorial (fiz voz de locutor na cabeça). Vou postar todas as fotos e, se alguém quiser saber o que tinha em algum em especial, me escreva que eu conto.

Uma das coisas que li sobre o menu, antes de ir, é que todas as porções eram pequenas e o cliente saía com fome. Vou dizer que na metade do caminho já estava satisfeita… Eis que veio uma nova apresentação: agora uma transição do salgado para as sobremesas, uma gelatina de pata. “É feita com o líquido que fica na panela após se cozinhar a pata do boi”. Mocotó?

Sorvete de amêndoa com merengue, surreal...

A última sobremesa era um ganache de chocolate amargo com pedaços de abacaxi e sorvete de lulo, uma fruta azedinha tipo limão. Não tem foto porque parte da  sua experiência é exercitar a imaginação… O menu termina com um café de produção própria, aguado, chafé. 

Nota da autora: vale super a pena. A comida é muuuuito saborosa, diferente, incomum. Fora que a apresentação dos pratos é um espetáculo a parte!

Tipo pra quem tem essa bolsinha de biju em casa

Antes de ir embora, pedi pra trocar uma idéia com o chef Juan Manuel Barrientos Valencia, o Juanma. Com apenas 33 anos, o colombiano, nascido em Medellin, foi reconhecido entre os 50 melhores chefs latinoamericanos em 2013, 2014 e 2015 (e o mais jovem também). E ainda um dos mais influentes nas redes socias.

Papo vai papo vem, questionei se ele conhecia o Brasil, se apreciava a nossa culinária. “Estive no Prazeres da Mesa, em São Paulo, no ano passado. Me encantei pela cidade e adoraria abrir uma filial lá.” Falei pra ele que esse post ia bombar e que um restaurante dele lá seria um sucesso. Ganhei um cartão e fui embora com a certeza de que voltarei. Até porque a cada três meses ele troca todo o menu… E sou dessas que adora uma nova experiência sensorial.

Bora lá?

Onde: Cl. 70 #4 - 47, Bogotá (tem também em Medellin e Miami)

Quando: de segunda a quinta almoço do meio dia às 5pm e jantar das 7 às 10pm. De sexta a domingo de meio dia às 10pm.

Terminei de escrever esse post morrendo de fome. Sou dessas gulosas que comem com os olhos...