As escolas das meninas em cada país em que moramos





Eu tenho duas amigas muito amadas que trabalham com internet. Uma é a Dani Almeida, que trabalha com mkt digital, e a outra é a Mel, que tem um blog sobre como é ser brasileira vivendo no México. Já faz um tempinho que as duas me aconselham a expandir o tema do meu blog. “Dani, você já morou em tantos países, porque escreve só sobre a Colômbia?” ou ainda “Seu blog se chama Sobre morar fora, por que não conta como foi também morar em outros lugares?” ou  “Você pode ajudar outras mães expatriadas.” Ok, vocês venceram, batata frita. Hoje vou contar sobre as experiências escolares nos países onde morei com as três pequenas (Brasil, EUA, México e Colômbia).

Antes, duas coisas:
  •    A primeira é dizer que vou continuar escrevendo sobre destinos colombianos porque eles me encantam. Inclusive, no feriado do final desse mês vou viajar pra um lugar lindo bem ao norte da Colômbia, La   Guajira.  
  •            A segunda é explicar porque escolhi escrever sobre a Colômbia. Sou jornalista. Minha paixão envolve pensar na pauta, pesquisar sobre ela, ir pra rua apurar, entrevistar e só então escrever. Isso só poderia fazer sobre novos temas, no caso a Colômbia, onde vivo agora.

Para ajudar mulheres expatriadas eu acho que não existe assunto melhor do que a escola das crianças. Pelo menos pra mim, sempre que descubro que vamos nos mudar é a primeira preocupação. Algumas curiosidades:


  •            Quando nos mudamos do México pra Bogotá, a Juju tinha 3 anos indo pra o seu quarto país...
  •     Quando nos mudamos para NY as meninas não falavam inglês. Quando fomos para o México, elas não falavam espanhol. Quando viemos para cá, um colégio inglês num país de língua espanhola, foi a adaptação mais fácil de todas porque elas já dominavam as duas línguas.


Minhas filhas nasceram em São Paulo. Ainda grávida, fui à escola mais perto da minha casa para conhecer. Minha escolha, para quando eu voltasse da licença maternidade, sempre foi a escola, nunca uma babá. Por que?

  •            Eu acho que a escola ajuda a criança a se socializar. Elas aprendem a dividir, percebem que não são o centro do mundo... Aprendem a comer sozinhas sem que alguém dê na boca, a ir ao banheiro...
  •         Eu acho que as atividades que a escola oferece à criança são direcionadas para aquela idade específica em que está, coisa que a babá normalmente não sabe.
  •    A professora da escola nunca vai ficar no celular enquanto a criança brinca, que é o que mais vejo as babás fazendo por aí
  •      Se a criança se machuca, a escola sabe o que fazer, a babá não...
  •     Enfim, por tudo isso minhas meninas foram todas com menos de 1 ano pra escola.

Em São Paulo, as três estudaram na escola Meu Castelinho. Bella, que saiu com 5, e Bibi, com 3, falam muito de lá até hoje... Na época, o berçário era coordenado pela Maura (não sei se ainda é), que não podia ser mais carinhosa. 


Primeiro dia da Bibi com a Maura

Primeiro dia da Juju com a Maura
A coordenadora pedagógica era a Laís e a diretora a Andrea. Sempre que precisei – e foram muitas vezes – de um conselho, de uma orientação, elas estiveram lá pra mim. Aliás, a equipe toda: Deinha, Débora, Sussu, Lívia, Lena, Jack, Tati... Até hoje a Bella considera seus melhores amigos a turma que cresceu com ela no Castelinho: Lara, Caio, Ana, Marina, João Pedro, Max, Julia... 

A primeira vez que convidei a turma toda pra ir lá em casa, tinham 2 anos



Aqui, no aniversário da Bella do ano passado, ela quis fazer no Brasil


Aniversário de 2 anos da Bella na escola



Bibi com 1 ano e a turma com 3

Caio, primeiro amor da Bella


A Bibi, sempre o rabo da turma da Bella






Soube em fevereiro de 2014 que nos mudaríamos pra NY no meio do ano. Comecei a pesquisar escolas pelos sites. Eu tinha duas prioridades:
  •     Que a escola fosse IB. O que é isso? São escolas que tenham o certificado de Bacharelado Internacional. Primeiro porque seria uma maneira de, sempre que nos mudássemos de país, procurássemos uma escola com o mesmo método de ensino. Segundo por esse método bater com nossos valores. Esse programa vai além da formação básica, ele faz com que as crianças queiram desenvolver um mundo melhor, com um pensamento amplo e questionador. Ele incentiva os alunos a desenvolverem a autonomia, cooperação, curiosidade, reflexão, criatividade, entre outras habilidades, como o respeito pela diversidade e a compreensão do mundo ao seu redor.
  •       E eu queria que a Bella e a Bibi ficassem no mesmo colégio para que uma desse segurança à outra.

As aulas começariam em setembro. Comecei a ligar em fevereiro nas escolas americanas e, para meu desespero, a application tinha que ter sido feita um ano antes… Sério, não tinha vaga em nenhuma, pelo menos não para as duas juntas. Comecei a fuçar loucamente na internet e achei uma mulher, Sharon Thomas, que se definia como “parent resource center”. Ela ajudava pais a encontrarem a escola perfeita para seus filhos em NY. Escrevi pra ela falando da minha situação. Pra minha grata surpresa, ela era brasileira e morava há muito anos em Manhattan. Combinamos um Skype para eu explicar exatamente o que queria. Como ela fala português, foi fácil a comunidação. Eu falei sobre o perfil das meninas e como seria a escola que eu buscava. Com essas informações, ela me mandou uma lista de escolas para as quais ela já tinha ligado e checado que haveria vaga para as duas. Dessa lista, escolhi as duas que eram IB, a British School e a Dwight. Sharon agendou as visitas pra mim. O serviço dela é caro, mas salvou a minha vida. 

Visitei as duas e me apaixonei pela Dwight. É uma escola que divide suas duas unidades por idade. Até os 6 anos (early Dwight) fica em uma parte da cidade, depois em outra. Ambas no Upper West. Escolhi morar a duas quadras do colégio. Também visitei dois daycares para Juju, que estava com 6 meses. Gostei de ambos, escolhi pelo menos caro. Os preços em Manhattan são surreais. Juju ia na Pre School of America.

Primeiro dia da Juju no daycare

Um dia fomos deixar a Juju na escola e, na saída, Biriba, cavalheiro que é, cedeu a passage pra outra mãe. Eu, afobada que sou, nem percebi e fui passando. Ele me corrigiu: ô educação… A tal mãe, Letícia, virou: brasileiros? Papo vai papo vem, descobrimos que o marido dela trabalhava com o Biriba. O Martin, filho da Lê, estudava ali na escola da Juju e eles moravam no prédio que fica em cima da Dwight. A Lê virou minha melhor amiga e, praticamente todos os dias, eu deixava as meninas no colégio, subia pra tomar um café na casa dela e íamos levar os pequenos. Ai, que saudade… Eu levava elas assim...

Lívia, olha o meu guarda-chuva ali atrás


Quando ventava muito, a gente fechava o carrinho

Quando elas iam no patinete...

A Juju ia no canguru



Pra minha alegria, elas não tiveram problema algum de adaptação. Em dois meses estavam com o inglês fluente. Com alguns percalços, claro. Uma vez perguntei à Bella: porque não comeu o melão que eu mandei na lancheira? “Porque eu não sabia como falar garfo em inglês pra pedir pra professora…” Outra vez a Bibi chegou em casa e falou: "mãe, hoje a professora contou uma história muito engraçada na sala". É filha, sobre o que? “Não sei, mas todo mundo riu então devia ser engraçada”. 

Esse foi o primeiro playdate delas com amigas da escola na nossa casa. Foi lindo!

Todo mundo sabe que novaiorquino é frio, né? Não gosta que cheguem muito perto… Um dia fui buscar a Bibi na escola e outra mãe chegou junto. A Bibi correu e agarrou a mulher num abraço. Eu pedi desculpa, toda sem graça. A professora, então, me disse que ela fazia isso com todas as mães e que elas adoravam… Acabou que moramos lá só por um semestre escolar. Quando avisei que íamos embora, essas mesmas mães me perguntaram se podiam organizar uma festa de despedida pra Bibi… A professora fez um livro onde cada criança fez um desenho dela própria com a Bibi…(gente, tempo para os olhos lacrimejando).


Capa do livro

Última página

Eu contei tudo isso para mostrar que, dentro da fria Manhattan, tem uma escola especial que eu vou levar no coração pra sempre. Jujuzinha também ganhou uma festa de despedida surpresa em seu último dia!



Quando fomos para o México, eu queria que elas estudassem na Greengates porque era onde estavam todas as crianças expatriadas que eu conhecia. Mas pense numa escola concorrida… Chegamos em fevereiro, meio de ano escolar. Eu não conseguia nem marcar uma reunião para conhecer a escola. Sem opção, acabei colocando elas na Edron, que também era bilingue, mas muito longe de onde eu morava. A escola era muito legal, tinha uma área verde incrível, mas não oferecia transporte para o meu bairro. Ou seja, eu levava uma hora no carro pra chegar lá e outra pra voltar pra casa. Ficava quatro horas por dia no carro. Enlouquecedor. Uma semana após elas terem começado, consegui uma reunião na Greengates. Alí, a Bella ganhou o diretor, Mr Robins. Ele nos contou uma história sobre o Ronaldo fenômeno, mas disse que era segredo. No que a baixinha falou pra ele: if it is a secret, why are you telling us? O cara sisudo riu. No final, disse que teria vaga para a Bella, mas, para a Bibi, só no início do próximo ciclo. Perguntou se eu estava interessada. Claaaaaaro! Mas como faria com a Bibi? Como ela tinha 4 anos, ainda podia ir para a escola de educação infantil, onde estava a Juju, a uma quadra da nossa casa. Tive medo de que ela perdesse o inglês porque na Baby Bee era só espanhol. Não só não perdeu como em um mês estava fluente em espanhol.

Lembrei de um perrengue da adaptação da Juju na escola. O tempero da comida mexicana é muito diferente do nosso, né? Logo nos primeiros dias, quando fui buscar a baixinha, a professora me disse: estou preocupada porque ela passa a tarde inteira aqui sem comer... Respirei fundo e respondi: Quando ela sentir fome, vai comer, vai se adaptar aos novos sabores. Batata!


Bibi recebeu uma carta dos amigos da Dwight no México
Juju voltava da Baby Bee cheia de gel, bem mexicana

Em agosto a Bibi se juntou a irmã mais velha. O que era incrível na Greengates? Além do campus enorme com milhares de atividades, a escola é internacional. O que isso quer dizer? Que a maioria das crianças não é mexicana. Por que isso é bom? Porque lá toda a criançada está na mesma situação, indo e vindo. Nossos filhos não se sentem os únicos a sempre serem os novos da escola ou a terem que sair quando começam a ter amizades verdadeiras. Ali, estão todos no mesmo barco. A escola sempre tem eventos em que cada um tem que levar uma comida típica do seu país ou usar as roupas de lá. As meninas tinham amigos de todas as partes do mundo e isso era lindo.

O ônibus era quase inteiro de crianças do nosso condomínio 





Por uma questão de preservação, não vou dizer em qual escola elas estão aqui em Bogotá. Mas visitamos três muito boas. A Nueva Granada, que é americana. O Anglo Colombiano e a Gran Bretanha, ambas inglesas. A Gran Bretanha é a única internacional da cidade, as outras, apesar de darem as aulas em inglês, têm uma frequência de 90% de colombianos. Por outro lado, a Gran Bretanha é muito longe e o ônibus busca uma hora e meia mais cedo pela manhã. Foi difícil escolher. Mas elas estão muito felizes e acolhidas. Juju também vai a uma pré escola perto de casa e ama. Todo dia, às 6h da manhã ela começa: “Já podemos ir?”

As minhas filhas têm um monte de defeitos, como todas as crianças, mas se tem algo de que não posso reclamar é em relação a adaptação escolar. Nunca me deram problema. Mérito delas e dessas escolas que citei pelo caminho. Acho que demos    (eu e elas) muita sorte. Espero ter ajudado quem precisar mudar por aí… Qualquer dúvida, é só falar!    

E ah, quem quiser me seguir no instagram, estou como @sobremorarfora       



  






Comentários

  1. Dani....que incrível isso.Nai sei se sou mais fã sua ou das 3 . Acho que sou das 4! Beijo grande.

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  2. Que história, madremia...
    Não deve ser nada fácil mesmo.
    Parabéns por todo esforço.
    Bj especial para as meninas e pra vc tbm.

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  3. Caraca! Acabei de conhecer o blog e ja descobri tantas similaridades entre nós que parece coisas de livros! Já virei fã. Já estou no aguardo do próximo post!

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  4. Não sei se apareceu meu nome no comentário de cima 😬

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  5. Gente seu blog é incrível, meu maior sonho é ir embora do Brasil, da uma vida melhor aos meus filhos, um dia consigo, criança pequena ir embora não é nada fácil.
    parabéns <3

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