Catedral do sal, eleita a primeira maravilha da Colômbia
Eu sou filha de mãe judia e
pai católico. Mas, cá entre nós, a religião com que me identifico mais é o espiritismo. Introduzi assim pra dizer que o passeio à
Catedral do Sal, em Zipaquirá, a 48km de Bogotá, vale super a pena pra todo mundo,
independente da crença. O lugar é um desbunde de tão lindo. As paredes brancas
e brilhantes parecem de neve, mas é o mais puro sal.
Cascata de sal, maravilhosa |
Bom, como aqui é papo reto,
sejamos realistas, pra chegar e sair é um trampo. Eu fui com duas amigas que
estavam hospedadas na minha casa nessa semana, a Tati e a Lívia. Conseguimos ir de
Uber, mas na volta não pegava a minha internet lá, os táxis não topavam sair da
cidade e acabei literalmente pescada por um ônibus. Sério, o motorista sacou
meu desespero, colocou a cabeça pra fora da janela e gritou no meio da rua:
Bogotá? Sobe aí!
Esse foi sussa... |
Mas esse ônibus só leva até a
rua 170 da capital, depois tem que pegar o Transmilênio, um municipal
lotado, que desce até a 80 e então um táxi pra casa. Tranquilo, se eu não
tivesse horário pra buscar as meninas na escola... Porque, como se não bastasse
o trânsito, ele pinga a cada vinte metros pra pegar alguém.
Chegamos com fome, umas 11 e
tralalá da manhã. A praça de alimentação do parque é bem simples. Pedimos um
combo de omelete com chocolate quente. Não peçam essa bebida. É tipo água fervida.
Mas depois mandei ver num arequipe Alpura, um doce de leite daqui que eu amo e
corri pro abraço.
Na bilheteria, oferecem
alguns pacotes. A gente optou pelo mais simples: conhecer a catedral construída dentro da mina de sal, com direito a show de
luzes e filme 3D. Nos outros tinha opção com o Museu da Salmoura ou a Ruta do
Minero (aqui a pessoa trabalha por 40 minutos extraindo sal. Minhas amigas, que
estavam em férias mode on, não quiseram).
Entre inglês e espanhol, optamos por treinar a
língua que nos uniu no México. Nossa guia, Maria, era uma fofa e, de cara deu
as regras (não é uma opção ir sem guia):
- O mesmo caminho que vai, volta. Então, fiquem do lado direito.
- Foto, só depois que o tour acabar, no retorno. Assim ninguém espera o outro fazer seu estoque de selfie.
- São dois quilômetros de caminhada, um pra descer e outro pra subir. Ficaremos a 180 metros subterrâneos.
- Ah, quem quiser provar a parede para ter certeza de que é de sal, vai na fé!
Essa é a entrada (e saída). A iluminação da mina é um espetáculo |
A primeira parte do passeio mostra as 14
estações da Via Crucis, o caminho de Cristo até sua morte, em pequenas capelas.
Em quase todas uma cruz, esculpida em rocha salina, representa Jesus. Não há
rosto em nenhuma.
Aqui, Jesus entre Maria Madalena e a Virgem Maria |
Spoiler 1!
Passadas as catorze estações, Maria faz algumas
brincadeiras pelo caminho. Por exemplo:
-
Em um
dado momento o grupo pode escolher entre três escadas para descer e chegar ao mesmo lugar. “A escolha da escada
dirá muito sobre você”, alerta. Depois, ela explicou: quem foi pela da direita, tinha alguns
poucos pecados (Livia e Tati foram nessa). Quem foi na do meio é completamente
puro de coração (eu, claro). E os que foram na da esquerda são pecadores de
marca maior. A penitência é, na saída, ao invés de ir pela rampa, subir uma escada bem íngreme
de 42 degraus.
Escada dos pecadores |
Em seguida chegamos a uma igreja, onde todo
domingo é celebrada uma missa ao meio dia. “Na semana santa chegam a passar
oito mil pessoas por dia aqui!”, nos conta Maria.
A homenageada lá é Nuestra
Señora del Rosario de Guasá, la patrona de los mineros.
O legal é que eles
expõem ali também outras virgens, de outros países. Reconheci Nossa Senhora
Aparecida, padroeira do Brasil, e Nossa Senhora de Guadalupe, do México.
Não a toa, em um concurso para eleger as sete maravilhas da Colômbia, a catedral foi a mais votada e eleita a primeira
maravilha do país. Um dos lugares mais lindos lá dentro é a cascata de sal
cristalizado. Ela representa o rio Jordão, onde Cristo foi batizado. O som de
água corrente transmite tranquilidade e sensação de renascimento. Aliás, lá
dentro a gente sente coisas... Parece que rola uma energia bem forte, sabe?
Spoiler 2!
No final do passeio, a guia vai mostrar, de longe, uma cruz gigantesca (de 16 metros de altura por 10 de largura e 80 centímetros de espessura). “Lembrem-se de que
a cruz da terceira estação pesa três toneladas.
Quanto vocês acham que pesa aquela ali? Fiquem com isso na cabeça, quando
chegarmos mais perto dela eu conto”, instigou Maria.
Lívia chutou 10 toneladas, eu 20. “Zero!”, disse a guia, triunfante
porque nenhum de nós, do grupo, percebeu que a cruz era vazada, talhada na
pedra. Disse a Tati que tinha percebido e que o valor que ela chutou era da
pedra atrás da cruz… Sei não, rs.
Spoiler 3!
A última atração que Maria nos mostra é o espelho d`água. “Que
profundidade vocês acham que tem aqui?”, a guia nos pergunta, mais uma vez cheia de malícia. Parece bem fundo, mas é mais uma pegadinha…
Na verdade, são apenas 10 centímentros. Trata-se de uma câmera em que a água,
em contato com a rocha salina, cria um efeito ótico de uma espelho. Os cristais de sal na água refletem o
teto da caverna.
Acaba o tour e temos o que ainda lá dentro? Lojas, meu caro Watson. Tudo o que você
puder imaginar feito de sal, a começar por cruzes, claro. E muitas jóias também, principalmente com esmeraldas. Fora isso tem uma loja muito muito muito lindinha de produtos cosméticos com sal. Me arriscaria a dizer que foi o
lugar favorito da Livia no passeio.
Na saída, pagamos por um passeio de trenzinho. Não é grandes
coisas, mas fomos tomando uma cerveja e curtindo a paisagem da cidadezinha.
Acabo de escrever esse post com a sensação de que não dá pra descrever em palavras como essa catedral é linda... Sério... É surreal de linda! Só não sei dizer se foi melhor o passeio ou a companhia...
No trem |
Ai que post lindo!!! A catedral e tudo isso mesmo e claro, meu lugar favorito foi a lojinha de cosméticos com o spa! Kkkk
ResponderExcluirDani eu leio seus textos e me imagino aí! Adoro! Beijos, nao perca sua maneira de escrever!
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