Para os amantes de vinho


No México, fiquei muito amiga da Carol. Semana passada, ela e o marido estiveram em Bogotá. Michel é francês e fez uma reserva para, na última noite deles aqui, irmos a um restaurante de um amigo. A noite prometia...

Infelizmente, naquele dia Carol não se sentiu bem. A altitude aqui pega pra alguns. Como diria Dona Jura: não é brinquedo não. Xereta que sou, resolvi googlar o tal restaurante que a gente ia, o Nueve.

Descobri que era um lugar especializado em vinhos (com 180 opções na carta) e tapas (você, brasileiro, que já pensou numa casa de swing cheia de gente soltinha, esqueça. Tapas em espanhol são entradas, belisquetes).

O Chef Pedro Escobar sempre adorou cozinhar. “Aprendi em casa, desde pequeno. Meus pais cozinhavam muito bem. Meu pai tinha uma horta onde plantava várias das coisas que comíamos.”

Formado em gastronomia pelo Colegio de Cocineros Gato Dumas, de Barranquilla, e com título de sommelier da EAS (Escuela Argentina de Sommelier) e da Escuela de Hostelería de Barcelona, Pedro admite: “Não dá pra escolher entre comer ou beber. Na minha cabeça é inconcebível comida sem bebida ou bebida sem comida”.

Eu confesso que sou cervejeira, não sou muito fã de vinho. No máximo tomo um Chardonnay. O problema é quando vou à casa de amigos, levo meu branco e todo mundo fica no tinto. Daí tenho que tomar a garrafa sozinha e já viu, né? (😝). Livia, Ana e Marília, se alguma de vocês publicar alguma foto engraçadinha aqui nos comentários acaba a amizade.

Fato é que, ao contrário de mim, meu marido ama vinho. Inclusive, antes de me conhecer fez curso de sommelier (e de sushiman) pra melhorar o portfolio. Mal sabia que me ganharia na caipirinha de pinga... Enfim, mesmo sem Carol e Michel, achei que naquela noite de sábado valeria o passeio a dois. Afinal, já diria Lulu, todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite. Sábado à noite tudo pode mudar...

O lugar é pequeno, cabem 30 pessoas (por isso tem que reservar). Rolam umas mesinhas pra dois, uma mesa pra seis numa salinha e uma mesona pra quem for em grupo.

Essa foi a nossa
A salinha...

E onde fica a mesa grande
Tudo a meia luz... E uma música gostosa.

Só luz indireta
Logo recebemos o cardápio e escolhemos três pratos pra começar.

Tacos  de pulpo y chicharrón en cogollitos de lechuga y vinagreta de edamame
Uma das melhores coisas que já comi na vida: rice cake de arroz con coco, langostinos la parrilla y salsa de limonaria y pimienta rosa
Costilla de res en cocción lenta, cayeye de bananito verde
O sommelier veio para indicar os vinhos que harmonizam com esses pedidos. Em momento algum o cliente recebe a carta e isso é intencional. “A gente pergunta o gosto da pessoa e a partir daí queremos surpreendê-la. Por ser um lugar especializado em vinhos, queremos que provem coisas que geralmente não pediriam, seja por desconhecimento ou por uma experiência passada. Como oferecemos taças, buscamos que o cliente se arrisque e prove vinhos diferentes”, me explicou Pedro.

Biriba disse que preferia tinto e ele sugeriu um tempranillo, Luis Cañas. Eu falei que gostava mais de branco e ele trouxe um chileno Sauvignon Blanc, Amaral. Achei que não fosse gostar porque na minha cabeça eu só curtia Chardonnay. Mas, exatamente como ele disse, pra minha surpresa, amei. Frutado, refrescante...


Resolvemos pedir mais um prato e experimentar outros vinhos...

Tartar de atún, pistachos garrapiñados y espuma de queso padano

Aos sábados, Pedro circula por todas as mesas. Foi ele quem perguntou se eu queria experimentar um rosado com burbujas. (Olha o que veio à cabeça... Quem dera ser um peixe, para em teu límpido aquário mergulhar, fazer borbulhas de amor pra te encantar, passar a noite em claro... A pessoa sai da breguice mas a breguice não sai da pessoa). Topei.



Pro Biriba, trouxe outro tinto, Malbec, El Enemigo. Nessa hora, Pedro questionou se a gente conhecia os vinhos Catena Zapata. Dissemos que passamos parte da nossa lua de mel em Mendoza e que, sim, fomos à vinícola. Então nos contou que Alejandro Vigil, enólogo chefe da Catena Zapata, um dia quis abrir sua própria vinícola. Para não perder alguém tão bom, Adrianna Catena, filha do Nicolás Catena, perguntou: “Cuanta plata necessitas?” E sugeriu uma sociedade. Juntos, em 2015, criaram a bodega Casa el Enemigo.



Para terminar, pedimos um postre. Porque pra mim, comer fora sem sobremesa é tipo circo sem palhaço, namoro sem amasso, sou eu assim sem você... 


Cheesecake de caramelo e chocolate branco com ganache de malbec, espetacular
Queria comentar uma coisa aqui. Quando pedi sugestão de sobremesa (elas não estão no cardápio), não entendi direito o que o garçom falou. Só pesquei o chocolate branco e fui nessa. Amei, estava deliciosa. Tanto que depois chamei o moço para me explicar exatamente o que tinha ali. Quando entendi que era um cheesecake, ri de mim. Se soubesse, não teria pedido. Não gosto e não costumo provar o que eu já sei que não me agrada. Fica aqui o aprendizado. Vamos nos abrir mais para o novo, pode ser bom. Aliás, pode ser incrível. (Me lembrou a propaganda da Pepsi). 

E, pra finalizar, um vinho de sobremesa...

Parecia um licor, amei
Para que os sabores da refeição sejam aproveitados ao máximo, Escobar sugere começar com um vinho Jerez ou um espumante. “Eles melhoram a experiência sensorial tanto em termos de comida como de bebida do que está por vir”. E quando pergunto sobre a melhor combinação do mundo, a resposta está na ponta da língua: “Ostras y Champagne!”. Bom apetite!

Para chegar: Cl. 70a #10a-18, Bogotá





Comentários

  1. Tô maluca pra comer esse langostino com arroz com coco e pimenta rosa! Adoro tudo!!! Que lugar!!!!!!

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  2. Dani! Que delicia ler seu post! Esse lugar é realmente especial... De sobremesa eu comi a mil hojas de doce de leite de bufala! Da proxima pode pedir essa que não vai se arrepender��������

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  3. Esse post me fez lembrar da música 'viver e não ter a vergonha de ser feliz'! Sou como vc: adoro conhecer novos sabores. E for vinho então, hummmmm!!!!

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